Segundo o dicionário Aurélio, protestar significa:
“v. tr. 1. Prometer terminantemente, publicamente. 2. Afirmar solenemente. 3.
Declarar formalmente que se tem uma coisa por ilegal”.
Com convicção, esses adjetivos estavam presentes e
marcaram a história do século XVI onde, culminada com a ação de Martinho
Lutero, a voz de inquietação e inconformidade veio à tona e ecoou. A sociedade
estava corrompida. Os valores estavam corrompidos. A Igreja estava corrompida.
O grito liberado da garganta foi transformado em 95 Teses afixadas por Lutero
na Abadia de Westminster em 31 de outubro de 1517, fundamentalmente “Contra o
Comércio das Indulgências”. Movido em prol do esclarecimento da verdade, essa
“revolução” foi apelidado de Protestantismo, pelo seu protesto contra aquilo
que julgava ser incorreto.
Quase quinhentos anos se passaram. O mundo
mudou. As pessoas mudaram. Os valores mudaram. A Igreja mudou. O final do
século XX e o início do nosso século tem se mostrado como o período negro do
movimento protestante. O período inquisitório da Idade Média foi menos
prejudicial à Igreja do que o momento atual. No atual momento, os fiéis são
ludibriados pelos seus líderes, mas não por terrenos no céu. O auge da Teologia
da Prosperidade é marcado por escândalos financeiros nas igrejas, e a promessa
de muitos, que enganados por uma falsa expectativa de fortuna na Terra, compram
sua esperança de emergência financeira dando muitas vezes mais do que possuem.
Ora, se pudéssemos escolher um destes momentos
como o “menos prejudicial”, não seria melhor aquele em que as pessoas eram
enganadas por querer o Céu e não a Terra? O Protestantismo atual está cada vez
mais recuado. A invasão “mundana” conquista territórios dia após dia. Lobos
furiosos, carreiristas, profissionais do púlpito, marqueteiros ardilosos e
sutis dilapidam as Escrituras e destronam Cristo do centro da Igreja. O
neo-evangelicalismo tornou o culto um produto de consumo, uma terapia de grupo
bem remunerada. Há que ser erguer um protesto contra o protestantismo atual!
O ISMO deve ser abolido e o ANTE restaurado.
ISMO indica uma relato que aconteceu, mas que virou história. ANTE indica ação
a ser realizada no presente. ISMO mostra o que os outros foram e fizeram, ANTE
declara a realidade do que somos e faremos. Pode-se ter sido fruto de um protestantismo
corrupto, mas se tornar aquele que grita e luta por ser um protestante que não
se conforma com o cenário atual é o papel de cada um, porque, afinal,
protestante tem que protestar.
Fonte: Ultimato Jovem por Felipe Heiderich: é
graduado em Teologia pela Faculdade Teológica Seminário Unido, escritor,
conferencista e pregador.